Porque você não deve fazer um plano de negócios!

Sim, o tema é bem polêmico! Mas antes de ser apedrejado em praça pública pelos acadêmicos de plantão, deixe que eu esclareça alguns pontos. A ideia desse post, veio de uma palestra que assisti no TED, onde um dos palestrantes atribuía a frase abaixo ao pai da administração, Peter Drucker:

“Um planejamento enorme e detalhado é simplesmente incompatível com a sociedade e economia empresarial atuais. O planejamento tradicional é o beijo da morte do empreendedorismo”

(Peter Drucker)

Ou seja, eu não estou sozinho nessa. Quando eu falo de plano de negócios, eu me refiro àquele plano de negócios tradicional que os seus professores da faculdade, o Sebrae e talvez os seus avós tenham falado para você desenvolver antes de abrir uma empresa: aquele com capa bonita, sumário executivo, bibliografia e um milhão de análises complexas e totalmente chutadas por você simplesmente não ter nenhuma referência da empresa que você ainda nem começou.

Um plano de negócios feito dessa forma, vai te levar a duas situações distintas: se você for bem realista, ele lhe fará desistir de abrir o negócio, porque você terá muito mais dúvidas do que certezas e isso pode simplesmente mudar os rumos da sua vida para sempre. Por outro lado, se você for bem otimista, vai fazer projeções muito acima do normal para se convencer que o negócio é bom e provavelmente vai entrar para a estatística de que 80% das pequenas empresas fecham em menos de 2 anos, por não ter se preparado para um cenário mais complexo.

Em suma, um plano de negócios tradicional só poderá ser útil, se você tiver números para analisar o passado e projetar o futuro a partir deles. Se você não tem isso, ele será integralmente chutado ou vindo de uma bola de cristal e simplesmente ficará empoeirado dentro da sua gaveta, e você só olhará para esse documento naqueles dias que for fazer uma arrumação na sua mesa. Em tempo, 90% das empresas que deram certo, não começaram com um plano de negócios! Começaram com uma boa ideia por parte do empreendedor e muito trabalho para fazer essa ideia funcionar.

Steve Blank, empreendedor serial do Vale do Silício e uma das principais referências de empreendedorismo e criação de StartUps, compartilha desse mesmo pensamento: “Business Plan é um documento que os investidores fazem você escrever, para que ninguém leia”

Nesse momento você deve estar se perguntando: “mas se não é para eu fazer o plano de negócios, eu devo começar uma empresa na raça, sem planejar nada e rezar para dar certo?” Pelo amor de Deus, não faça isso! Desde 2009, existe uma ferramenta criada por Alex Osterwalder e Yves Pigneur, e apresentada no seu livro “Business Model Generation: Inovação Em Modelos De Negócios” que serve para planejar e visualizar as principais funções de um negócio e suas relações de uma forma fácil, simples e rápida.

A ferramenta criada a partir desse livro ficou conhecida como “business model canvas” ou “Canvas do Modelo de Negócios”. A palavra ‘canvas’ vem do inglês e significa tela de pintura. Isso porque sobre essa ‘tela’, você pode criar diferentes combinações entre os blocos, assim como um artista experimenta cores e formas.

Essa estrutura de Modelo de Negócio descreve a lógica de criação, entrega e captura de valor por uma organização. Esse conceito está dividido em três partes: construir valor, entregar valor e capturar valor. Porém, o conceito, por si só, não era suficiente. A solução foi reunir em uma única imagem os nove ‘blocos’ necessários para descrever um Modelo de Negócio. Com o Canvas você enxerga toda a sua empresa em uma única folha de papel!

Esta ferramenta é formada por nove blocos que, integrados, descrevem todo o seu Modelo de Negócio. Seguem abaixo quais são cada um deles:

  • Segmento de Clientes: uma empresa serve a um ou diversos segmentos de clientes.
  • Proposta de Valor: busca resolver os problemas do cliente e satisfazer suas necessidades com as propostas de valor.
  • Canais: as propostas de valor são levadas aos clientes por canais de comunicação, distribuição e vendas.
  • Relacionamento com Clientes: define como estabelecer e manter o relacionamento com cada segmento de clientes.
  • Fontes de Receita: as fontes de receita resultam de propostas de valor oferecidas com sucesso aos clientes.
  • Recursos Principais: os recursos principais ou chave são aqueles exigidos para entregar sua proposta de valor.
  • Atividades Principais: descrevem as ações mais importantes que você deve realizar para entregar sua proposta de valor.
  • Parcerias Principais: identifica os fornecedores ou parceiros que oferecem recursos adquiridos fora da empresa.
  • Estrutura de custo: são todos os custos envolvidos em seu Modelo de Negócio.

Com essa ferramenta, é possível testar um conceito, um produto ou um serviço diretamente com o seu segmento de clientes, fazendo você mudar a sua estratégia de acordo com o seu mercado e criar várias versões do seu negócio em uma única folha em algumas horas. Isso faz com que a sua empresa esteja preparada para mudar a estratégia a qualquer momento da sua vida, para se adequar à realidade do mercado.

Em suma, a filosofia é “erre rápido, aprenda rápido, corrija rápido”. Como Steve Blank diz “Nenhum plano de negócios resiste ao primeiro cliente”, portanto é vital que você aprenda ouvindo o feedback dos seus clientes e corrija as falhas, para caminhar em direção ao lucro do seu negócio.

Aqui, na Bússola Consultoria de Resultados, auxiliamos os novos empreendedores a trabalhar com essa ferramenta e a metodologia explicada nesse post. Se você quiser saber mais, clique aqui e conheça sobre a nossa consultoria de empreendedorismo na prática.

E aí, vamos começar a planejar o seu negócio da forma correta?